Bem, hoje é Domingo e estou aqui pensando em um novo texto para o meu blog... tenho conciencia que não sou muito bom nessa coisa de escrever, e ainda mais que num momento de transbordamento de emoções por ocasião do casamento do meu filho, eu consegui passar para o papel, ou melhor para a tela? Há sei la!! Consegui escrever e expressar o que estava sentindo com clareza, entendi que a responsabilidade aumentou... afinal eu não posso ser um homem de um texto só né? E confesso também que os momentos vividos por ocasião do casamento foram tão marcantes que eu gostaria que se perpetuassem, e sei que no momento da nova postagem aquele acontecimento ficara em segundo plano, pelo menos no blog né, já que na minha mente permanece e a acho que ficara tudo muito vivo por muito tempo.
Já pensaram que tem coisas que acontecem na vida da gente que não queremos de maneira alguma que fiquem pra traz? Mas a vida não para de nos trazer coisas novas e sempre nos chamando as falas e nos dando banho de realidade.
Então pensei porque não escrever sobre o meu sogro que faleceu com 102 anos?...Alguém ai se habilita a viver tanto? Mas não falo em apenas se manter vivo esperando o tempo passar, e sim em viver de verdade, tendo uma infância legal, uma adolescência alegre, uma adultice digna de ser lembrada e servir como referencia para casais que já não ligam mais para os valores que foram tão importantes para ele.
Diversas vezes testemunhei um extremo carinho dele para com a minha sogra, mesmo ele já com 100 anos, tentava cuidar da esposa, se ela adoecia ele ficava inquieto, ficava a olhando como que pensando em uma maneira de resolver o problema de saúde que na maioria das vezes nem era tão grave, mas o Sr Dito Paulista como era conhecido por aqui demonstrava claramente que se pudesse absorveria qualquer coisa ou qualquer dor para preservar a sua mulher...
Também testemunhei vezes que silenciosamente correram lágrimas em seus olhos talvez motivadas pela conciencia de que a vida já estava lhe mostrando que a separação definitiva, pelo menos no plano terreno já estava próximo.
Convivi estreitamente com ele em seus últimos dias e juro que me espantou o tanto que este homem se preocupava com a “amada” pois entre um delírio e outro quando em momentos de conciencia ele falava repetidas vezes: Por favor cuidem da Maria... Cuidem das coisas da Maria...
E assim foi até o seu ultimo suspiro, me parecendo que ele já não se importava consigo e sim com quem ele iria deixar seguindo pela vida.
Contei isso pra deixar claro que eu gostaria de ser como ele. Viver com dignidade por 102 anos eu posso garantir que é pra pessoas especialíssimas.
Vá com Deus Sr Dito Paulista!! Nós ficaremos por aqui tentando imita-lo.
1909 - 2010